sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

(DES)APEGO

Sou filha de militar. Nasci em Boa Vista - RR, e aos quatro meses, me mudei para o Rio de Janeiro. Com dois anos, fui para Picos - PI. Dali, para Niterói, depois novamente para o Rio (Jacarepaguá), e logo depois, ainda no Rio, para a Urca. Aos onze, fui morar em Brasília. E de lá, fui para os Estados Unidos. Voltei para o Rio aos dezoito, e já casada, vim para São Paulo, onde morei nos últimos cinco anos.
Posso dizer que por conta das minhas andanças, tenho amigos por todas as partes; o que também significa que não tenho amigos de infância. Sinto que passei minha vida conhecendo pessoas, me apegando a elas, e depois... deixando-as. Passei a minha vida praticando o DESAPEGO.
As mudanças constantes também fizeram de mim uma cidadã do Brasil, do mundo, com grande capacidade de adaptação, e conhecimento de costumes diferentes. Acreditando nessa capacidade de adaptação que desenvolvi (com maestria), sei que vou me adaptar de volta ao Rio. Até porque pelo histórico acima, posso até chamá-lo de minha terra natal.
Mas neste momento, neste exato momento, quero apenas me permitir sentir a dor do APEGO.
Apego ao meu apartamento - decorado com tanto carinho, suor, e prazer. Apego à babá dos meninos - a quem me faltam palavras para expressar a gratidão e o carinho que sinto. Apego à Moema - meu bairro querido, meu lar, com suas ruas com nomes de pássaros, e pássaros que visitam minha sacada. Ao colégio dos meninos; à nossa rotina organizada. Mas, principalmente, apego aos amigos. Amigos do trabalho, amigos da escola, amigos de São Paulo.
Também sei que os amigos de verdade são eternos, e que com estes manterei contato para sempre.
Mas, agora, só agora, peço licença para sentir essa dor da falta que o convívio diário com esses amigos me fará. A dor de não poder mais ligar e falar: "Vamos comer uma pizza hoje à noite?", ou "Seu filho pode vir aqui pra casa brincar com meu filho hoje à tarde?", ou ainda de sair para almoçar com minhas amigas.
Com licença, nesse momento não quero ser forte, nem me fingir de desapegada, ou superior.
Sou apenas um ser humano, e quero apenas sentir SAUDADE.

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